segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A primeira escolta da PRF.

Há duas semanas, quando ficou sabendo deste espaço, o colega de trabalho José Luiz TEIXEIRA (Inspetor), Motociclista Batedor de carteirinha, enviou-me um pouco da história do motociclismo na Polícia Rodoviária Federal.

O texto é longo, para o formato de um blog, mas segue na íntegra, por seu valor histórico, precedido de uma foto que achei na rede, da Zündapp-DBK200 (198 cc), de 1935:



Motociclismo na PRF: um pouco de história.

(Por: José Luiz Teixeira - PRF MOTOCICLISTA - 5ª SRPRF/RJ)

A Polícia Rodoviária Federal foi criada pelo presidente Washington Luiz no dia 24 de julho de 1928, através do Decreto nº 18.323 - que definia as regras de trânsito, à época, com a denominação inicial de "Polícia de Estradas".

Mas somente em 1935, Antônio Felix Filho, o "Turquinho", como ficou conhecido dentro da PRF, considerado o 1º Patrulheiro Rodoviário Federal, foi chamado pelo administrador, Natal Crosato, a mando do Engenheiro-Chefe da Comissão de Estradas de Rodagem, hoje DNIT, para organizar os serviços de vigilância das rodovias Rio-Petropólis, Rio-São Paulo e União e Indústria.

Apresentado ao engenheiro Yeddo Fiúza, "Turquinho" recebeu a missão de zelar pela segurança das rodovias federais e foi nomeado Inspetor de Tráfego, com a missão inicial de percorrer e fiscalizar as ditas rodovias. Para tal lhe foram cedidas duas motocicletas: uma Harley Davidson e uma ZÜNDAPP.

Claro que a história da Polícia Rodoviária Federal é muito maior, muito mais rica e muito mais gloriosa. Para nós, motociclistas, essa parte da história é muito importante, pois comprova que a motocicleta está presente na história e trajetória da PRF desde os seus primórdios. A bem da verdade, a Polícia Rodoviária Federal nasceu sobre as duas rodas de uma motocicleta.

Contam os mais antigos que, muitas vezes, realizaram o serviço de ronda e atendimento a acidentes, em estribos de caminhões, de carona em ônibus ou mesmo a pé. As dificuldades para locomoção do PRF, naquela época, eram grandes. Foram as MOTOCICLETAS os primeiros veículos a serem utilizados, de forma regular, pela POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL.

No início, apenas duas. Eram “pilotadas” por ANTONIO FELIX FILHO, o inesquecível TURQUINHO, e por MANUEL GOMES MARANHÃO.

Hoje, somos centenas de motociclistas batedores espalhados por esse imenso Brasil. O tempo passou e a PRF iniciou sua evolução que, graças ao Bom Deus, nunca mais parou.
A PRF de hoje não é mais Ronda e Posto. Viaturas e novos equipamentos foram,
gradativamente, incorporados à PRF, dando maior dinamismo e confiabilidade aos serviços executados.

Hoje a PRF voa na segurança das “asas” da Divisão de Operações Aéreas (DOA); conta com pessoal técnico/administrativo do mais alto nível profissional; Núcleos de Operações Especiais (NOE); policiais adestradores de cães farejadores (Canil); além das equipes das diversas Delegacias, que realizam serviços de altíssima competência e profissionalismo.

Considerando-se os recursos, a PRF executa tarefas que nada ficam a dever, se comparada às melhores polícias do mundo.

Após a segunda guerra mundial, mais precisamente no mês de setembro do ano de 1947, o Brasil recebeu a visita de um ilustre político norte americano. Para participar do encerramento da CONFERÊNCIA INTERAMERICANA DA PAZ, realizada no Hotel Quitandinha, na cidade de Petrópolis/RJ, esteve em nosso país e trafegou por nossas estradas o Exº Sr. HENRY TRUMAM, Presidente dos Estados Unidos da América.

Para a realização da escolta e segurança de tão ilustre autoridade, foi confiada à POLÍCIA DE ESTRADAS, ou seja, à POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL, esta importante missão. Para tal foram adquiridas dez motocicletas HARLEY-DAVIDSON. Assim, no dia 05 de setembro de 1947, realizou-se a primeira “escolta” da PRF.

Nascia, portanto, o CORPO DE MOTOCICLISTAS DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL, que dele muito nos orgulhamos de pertencer.

Desde então, várias foram as autoridades escoltadas: Reis, Rainhas, Presidentes estrangeiros, Primeiros Ministros, Ministros de Estado, Embaixadores, Chanceleres. Todos os Presidentes da República Federativa do Brasil após 1947 e inúmeras outras autoridades civis, militares e eclesiásticas, tais como Suas Santidades os Papas João Paulo II e Bento XVI.

Em 1981, em visita oficial ao Brasil, o presidente da Venezuela, Exº Sr. Luis Herrera Campins, por ter tido problemas de horário com seu vôo, correu o risco de chegar atrasado em um compromisso protocolar. Mas, mesmo com o trânsito ruim de uma noite de sexta-feira no Rio de Janeiro e outros problemas impeditivos à fluidez do trânsito, a autoridade chegou ao seu compromisso, sã, salva e no horário.

Entusiasmado com o feito, o Sr. Presidente venezuelano fez absoluta questão de cumprimentar todos os motociclistas batedores que realizaram a escolta, e fez o seguinte comentário: “OU VOCÊS SÃO MUITO BONS OU SÃO TODOS LOUCOS. Se pudesse lavaria todos comigo para a Venezuela”. A escolta era da Polícia Rodoviária Federal.

Por ocasião da realização dos XV JOGOS PANAMERICANOS e dos III JOGOS PARAPANAMERICANOS foi confiada, com exclusividade, aos motociclistas batedores da Polícia Rodoviária Federal, a missão de escoltar atletas, dirigentes, árbitros e autoridades presentes ao evento. Para tanto reuniram-se, na Cidade do Rio de Janeiro, 256 motociclistas batedores.

O CORPO DE MOTOCICLISTAS DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL, além do policiamento rotineiro das rodovias federais, realiza escoltas para diversas entidades e segmentos da sociedade brasileira. Comboios militares, cargas perigosas (Urânio), personalidades nacionais (Seleção Brasileira de Futebol), além de autoridades brasileiras e estrangeiras.

Ao longo do tempo, homens e mulheres escreveram e escrevem com honra, suor e sangue o nome do CORPO DE MOTOCICLISTAS na história da POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL.

Muitos foram os companheiros que ajudaram a escrever esta história gloriosa do Corpo de Motociclistas da Polícia Rodoviária Federal. A eles nossas homenagens e nossa gratidão.

Deve-se, também, render homenagens aos motociclistas que, no cumprimento do dever, perderam a vida sobre as duas rodas de suas motocicletas.

SALVE O CORPO DE MOTOCICLISTAS DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL!

VONTADE DE MUITOS,
OPORTUNIDADE DE ALGUNS,
CORAGEM DE POUCOS."

8 comentários:

  1. O presidente venezuelano não deixava de ter certa razão, mas, na verdade, vocês são muito bons e muito loucos!

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  2. Bela reportagem, que recupera a importância história deste grupo tão seleto! A leitura de texto chega, em certos trechos, a causar arrepios durante a leitura, tamanha a grandiosidade das informações! Parabéns ao Inspetor Teixeira pelo texto, e ao Portes pela publicação! Um abraço a todos esses loucos e bons profissionais!

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  3. As motos e a PRF são entrelaçadas...Que as cabeças coroadas de nossa instituição não deixem os corpos de motos acabarem. Vida longa aos motociclistas da PRF!!!

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  4. Fico muito feliz em saber que ainda existem servidores publicos honrados e orgulhosos do que fazem, valorizando o servir ao público. Por outro lado um tanto decepcionada por não encontrar na excelente narrativa a sigla DNER.
    Rubia Chies/DNER-Dnit/RJ

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  5. Prezada Rubia,

    O DNIT (ex-DNER) foi devidamente citado pelo Insp. Teixeira, no segundo parágrafo.

    Obrigado pela visita.

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  6. Tive oportunidade de trabalhar com nosso amigo Teixeira por varias vezes no Rio de Janeiro, desde 1997 na visita do papa João Paulo II e sendo tb um motociclista da PRF tenho muito orgulho de fazer parte deste grupo tão seleto e importante que mantém na excelência do trabalho com as motocicletas todo reconhecimento que nossa instituição merece.
    Abraços a todos os batedores PRF´s, em especial aos nossos amigos da 5ª SRPRF do Rio de Janeiro.
    PRF PICKLER CMR/SC

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  7. Caro PICKLER, obrigado pelas palavras. Em nome do grupo, devolvo o abraço a todos os colegas de SC.

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  8. É com imenso prazer e entusiasmo que estarei indo este mês realizar o curso de motociclista batedor de nossa gloriosa PRF, e dedicação e superação não faltaram a fim de integrar esse nobre Corpo de Motociclista. PRF e NUMOT acima de tudo. Carneiro

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